40 dias de luto na literatura: a despedida de Marina Colasanti e Affonso Romano de Sant'Anna
14/03/2025
(Foto: Reprodução) Menos de dois meses separam duas perdas para a cultura brasileira. O casal de escritores nos deixou no começo de 2025. Eritréia, 1937. Foi no país africano, espremido entre a Etiópia e o Mar Vermelho, que nasceu a escritora Marina Colasanti. No mesmo ano, seis meses antes, nascia, em Belo Horizonte, Affonso Romano de Sant’Anna. O encontro entre os dois aconteceu 33 anos depois, no Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro.
Professor de literatura brasileira em vários países da Europa e defensor ferrenho da leitura como fonte de conhecimento, Affonso Romano foi fortemente influenciado pela poesia de Carlos Drummond de Andrade.
“Ele ficou transtornado, no bom sentido. Alguma coisa transbordou no Affonso romano de Sant’Anna e ele nunca mais deixou de estudar o Drummond”.
A professora doutora Telma Borges da Silva explica a importância da dupla e a lacuna que fica na literatura do país após as mortes em sequência. Ela ainda destaca a relação mútua de apoio e ajuda no trabalho, que permitiu a publicação de três obras conjuntas do casal.
A especialista cita um trecho de um relato de Marina Colasanti que deixou claro o suporte oferecido pelo marido:
“Affonso me deu aquilo que os homens não dão às mulheres. Que é uma confiança intelectual absoluta. Um respeito intelectual total. E uma rede de segurança para fazer os voos que quisesse no trapézio. Os saltos mortais triplos que quisesse dar. Ele sempre me garantiu intelectualmente”.
Vencedora de nove prêmios Jabuti, Marina Colasanti morreu no dia 28 de janeiro. No último 4 de março, partiu Affonso Romano de Sant’Anna.
Marina Colasanti e Affonso Romano de Sant'Anna
Reprodução